ENCONTRO NACIONAL DOS SECRETARIADOS DA PASTORAL DA MOBILIDADE HUMANA E CAPELANIAS DE IMIGRANTES
Conclusões
Presidido por D. António Vitalino, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e com a presença dos vogais D. António Rafael, bispo emérito de Bragança-Miranda e D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, com a participação de D. Jacinto Botelho, bispo de Lamego e com a visita de D. António dos Santos, bispo de Aveiro, decorreu o Encontro Nacional de Secretariados da Pastoral da Mobilidade Humana e Capelanias de Imigrantes, na Casa de S. José, em Lamego, de 6 a 10 de Julho, sob o tema: “Já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus”. (Ef. 2, 19)
Das diferentes intervenções quer dos oradores, quer dos participantes destacamos as seguintes conclusões:
1) Recordar que a cultura cristã tem a marca de S. Paulo, o qual, não abdicando da sua identidade e cultura, abriu as portas da universalidade aos valores cristãos.
2) Olhar o migrante como agente activo da sociedade, com direito a ser co-responsável na construção da comunidade cristã, sendo necessário refazer o espaço eclesial com objectivos integradores.
3) Valorizar uma catequese bíblica que ilumine a experiência humana com a Palavra de Deus, tendo presente que é a comunidade que catequiza. É urgente uma maior atenção ao acolhimento sem preconceitos.
4) Afirmar que a grande catequese da igreja é a liturgia e que uma fé viva é uma fé celebrada, havendo necessidade de nos interrogarmos como tornar as celebrações em expressão de verdadeira comunhão.
5) Alertar para o combate ao tráfico de pessoas, flagelo que atinge Portugal enquanto país de trânsito e destino, descobrindo em cada diocese como intensificar o trabalho em rede com a Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas (CAVITP), nomeadamente na formação de jovens e adultos, e na informação sobre este flagelo. É necessário pressionar os decisores políticos para que se crie legislação que preencha o vazio legal nesta matéria.
6) Capacitar os nossos serviços com pessoas qualificadas para dar assistência e apoio jurídico, de modo a prosseguir a colaboração na concepção, execução e avaliação das políticas públicas transversais e sectoriais relevantes para a integração dos migrantes e minorias étnicas. Sentimo-nos obrigados, como Igreja, do ponto de vista moral, a denunciar toda a legislação que afronta os Direitos Humanos, nomeadamente a recusa ao direito de emigrar e o dever de acolher.
7) Divulgar cada vez mais a Doutrina Social da Igreja, nos Seminários, junto dos cristãos e pessoas de boa vontade, com vista à formação de agentes de mudança e transformação nos locais onde vivem e trabalham.
8) Continuar a ser proactivos na utilização dos diferentes meios de comunicação social, como instrumentos extraordinários para quebrar barreiras, denunciar situações de precariedade e exploração, para alertar, dar voz e formar a opinião pública.
9) Promover, com a divulgação das nossas actividades, o valor da dignidade humana e o sentido da fraternidade, à luz do Evangelho.
10) Privilegiar as relações de proximidade exigindo dos agentes que têm responsabilidades nas migrações maior e melhor articulação com as diferentes dimensões da Igreja - liturgia, catequese e caridade – bem como a participação nos conselhos paroquiais e pelo menos uma vez por ano a participação nas reuniões de vigararia / arciprestado e/ou zonas pastorais.
11) Reorganizar a pastoral da mobilidade, na linha estrutural da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes, de acordo com a realidade de cada Diocese. Trabalhar em equipa, cuidar a formação dos futuros sacerdotes e das nossas comunidades, com vista a evitar os guetos.
12) Responder, ao nível das Dioceses, aos apelos que nos chegam dos diferentes países onde há significativa presença portuguesa e que solicitam agentes pastorais.
Participaram neste encontro 45 delegados dos Secretariados Diocesanos da Pastoral da Mobilidade Humana de 17 Dioceses, bem como dois representantes da Capelania Nacional de Imigrantes Ucranianos de rito bizantino.
O próximo encontro terá como tema o Turismo, realizar-se-á de 5 a 8 de Julho de 2010 e será acolhido pela Diocese do Algarve.